sábado, 20 de abril de 2013

Aprendendo a ensaiar

Retirado do blog Baixo e Voz. Autoria dos textos de Sérgio Pereira.

-Aprendendo a ensaiar





Baseado no material didático "Organização para equipes de louvor", de Sérgio Pereira.

Uma prática conhecida no meio das equipes de louvor são os intermináveis ensaios de algumas poucas músicas (e um mesmo arranjo) durante quase todas as semanas do ano. Precisamos dar sempre um passo adiante em nossos afazeres, principalmente nos dias de hoje, onde a pós-modernidade não nos deixa com tempo livre pra mais nada além do essencial. Por isso, é muito importante saber ensaiar.

Nessa linha de pensamento, o maestro W. Furtwängler diz: “é um equívoco a noção de que quanto mais se ensaia, melhor se toca, pois é preciso somente reduzir o imprevisto à sua justa medida, pois felizmente ainda existe o imprevisível”. Pierre Boulez comenta também o assunto: “Ensaios em demasia não são bons. O importante é saber trabalhar rápido para que o interesse dos músicos se mantenha durante todo o tempo”.*

Quando um grupo profissional ensaia um novo show, pode gastar até dois meses - por causa da agenda dos músicos - para concluir um repertório de 20-25 músicas aproximadamente. E depois, não ensaiam mais essas músicas em conjunto. Como conseguem isso? A resposta é: organização (escrevendo o arranjo e anotando detalhes) e disciplina (treinando antecipadamente o repertório). No meio profissional, se você for desorganizado e indisciplinado é uma pessoa desempregada! Mas, no meio cristão...

Um dos grandes problemas das equipes de louvor, é que em sua maioria são formadas por voluntários leigos e estes geralmente têm outras prioridades "mais importantes" do que música. Bom seria se apenas pessoas dedicadas integralmente ao ministério fizessem parte de uma equipe, pois de outra maneira, os atrasos, faltas, má vontade, ignorância musical (aquele músico que acha que o que sabe já é suficiente...) trarão sempre problemas para a equipe como um todo.

Nem sempre a equipe irá perceber suas deficiências, principalmente se todos forem voluntários sem experiência alguma, o que dificultará ainda mais a procura por educadores de música e outros profissionais para auxiliarem no processo de crescimento musical e compra de equipamentos necessários, o que é vital para um bom desempenho musical.[...]

*LAGO JÚNIOR, Sylvio. A arte da regência: história, técnica e maestros. Rio de Janeiro: Lacerda, 2002.(p. 295)

Continua na próxima semana...






Baseado na organização de ensaios de músicos profissionais e visando o tempo curto que a maioria dos integrantes da equipe disponibilizam, a falta de experiência e o fato da grande maioria dos músicos nas igrejas serem voluntários, eis uma tabela que poderá ajudar na condução de ensaios mais dinâmicos:
1. Escolha de repertório (cinco músicas novas por semana).
2. Tirar músicas de ouvido* ou escritas (a internet é uma ótima ferramenta de pesquisa para se conseguir cifras, mas sempre verifique se elas estão corretas junto com o original).
3. Estudos em casa - individuais (com CD e cifras/ partituras, sempre que possível). Como se vê, ensaios não servem para se aprender músicas. Isso deve ser feito em casa!
4. Ensaios separados – vocal e instrumental (1h30**).
5. Ensaio geral (2h00**) – neste ensaio, que visa também a apresentação no culto, associam-se as músicas novas com as já estudadas e escritas. Executá-las uma ou no máximo duas vezes deveria ser o suficiente se as músicas já foram ensaiadas – e estudadas em casa – anteriormente; mas a decisão de repetir mais vezes deve ficar à cargo do arranjador ou líder. Segundo o maestro Charles Munch (1891-1968), “O regente não deve deixar passar nada, nem uma entrada imprecisa, nem um erro e uma negligência, devendo parar e fazer recomeçar as passagens com erros, tantas vezes quanto o necessário, mesmo que os músicos manifestem desagrado”* (leia “regente” como “líder musical da equipe” ou arranjador).
* Se as músicas forem arranjadas por alguém do grupo, este deve trazer o mesmo escrito para que todos estejam a par das alterações.
**O tempo dos ensaios depende dos músicos terem chegado pelo menos 15 min. antes, para afinação, ligações de caixas/ efeitos e regulagens, com a passagem de som feita. Isso é válido também para os cantores, para que façam um aquecimento vocal.
Em relação à quantidade de músicas, um total de 120 músicas é um bom número para se trabalhar tranqüilamente durante o ano. Depois, é só ir acrescentando as músicas novas ao repertório já ensaiado.
No ensaio geral, Deve-se observar o volume que está sendo praticado – em relação ao local e público -, deixando sempre o vocal ou instrumento solista em primeiro plano.
Por fim: Trabalhar dessa maneira é o mínimo que se espera de uma boa equipe musical que trabalha junto à sua igreja local.

Na próxima semana estarei escrevendo sobre liderança musical e a importância da igreja local investir em uma pessoa de tempo integral para tal trabalho.

*LAGO JÚNIOR, Sylvio. A arte da regência: história, técnica e maestros. Rio de Janeiro: Lacerda, 2002.(p. 293).

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