sábado, 26 de maio de 2012

Teoria Musical - Parte 2 - Conceitos Básicos: As Notas

No último post sobre teoria musical, escrevi uma breve introdução histórica sobre o estudo da teoria musical, e os motivos do porque é importante qualquer pessoa que queira se envolver com música, seja instrumentista ou cantor, estudá-la.

Nesse posts, gostaria de abordar alguns conceitos básicos sobre música e teoria musical, a fim de nivelar os termos e o conhecimento de qualquer leitor, antes de começarmos a aprofundar na teoria propriamente dita.
Desde já, gostaria de deixar claro que não é minha intenção fornecer um curso completo de teoria, mas espero que o material fornecido seja suficiente para que você consiga continuar sua pesquisa e estudo por sua conta.

As Notas

Dentro da música e da teoria musical, o conceito mais básico é o conceito de nota musical. Embora paraça básico dizer isso, é importante decorá-las e ter fluência em seus conceitos básicos, conforma abordaremos nesse texto.

Sempre que emitimos um som, emitimos uma (ou várias) notas, ou seja, estamos produzindo uma vibração sonora em uma determinada frequância específica e constante. Para ficar mais claro,  quando tocamos uma tecla de um piano, ou uma corda de um violão estamos produzindo uma nota. No caso do piano, cada tecla representa uma nota diferente (experimente em um piano on-line).

Sempre que tocamos uma nota, o som criado possui quatro características básicas, que podem ser alterados de acordo com a vontade do instrumentista:
  • Altura - A altura de uma nota se refere a quão grave (ou agudo) uma nota é. Quanto maior a altura de uma nota, mais aguda ela será e vice-versa. No caso do piano, a evolução da altura segue da esquerda para a direita, ou seja, quanto mais para a esquerda, mais grave, e quanto mais para a direita, mais agudo.
  • Intensidade - A intensidade se refere a quão fraco ou forte é a nota, ou seja, ao volume dela. Existe uma relação direta entre o esforço (força) gasto para executar a nota, e o volume resultante. Quanto maior o esforço para se executar uma nota, maior o seu volume. 
  • Duração - A duração se refere ao tempo que a nota fica soando. O conceito do que é uma nota rápida ou demorada varia de acordo com o contexto da música e seu andamento (veremos mais a frente), e do instrumento. Alguns instrumentos de corda (como por exemplo o violão), não conseguem manter uma nota soando pelo mesmo tempo que um instrumento de sopro, como a flauta.
  • Timbre - O timbre define a identidade da nota. Sabemos distinguir se o instrumento que está sendo tocado é um piano ou um violão porque cada um possui um timbre, um som característico. Alguns instrumentos permitem conseguir diferentes timbres para uma mesma nota. Por exemplo, no violão é possível uma variação do timbre apenas alterando o ponto da corda em que fazemos ela vibrar; quanto mais para o meio, mais aveludado será o timbre, e quanto mais próximo das bordas, mais metálico será o som produzido. O ajuste do timbre se torna importante em instrumento elétricos (como a guitarra e o sintetizador), mas não são uma preocupação constante nos instrumentos acústicos.

Notas Naturais e Acidentais.

Dentro da nossa música ocidental, por questões históricas e culturais, toda música era feita por uma escala (sequência de notas) de 7 notas. Conforme escrevi no último post, os nomes das notas surgiram por volta do séc. X, retiradas de uma música em homenagem ao Santo João, onde cada frase começava por sua nota correspondente da escala. São elas: Do, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, e Si. Essas ficaram conhecidas como notas naturais.

As escalas musicais são cíclicas, isto é, as notas vão se repetindo em oitavas diferentes, ou seja, depois do "Si", a oitava nota seria novamente o "Dó", porém mais agudo. Do ponto de vista físico, uma nota uma oitava acima tem exatamente o dobro da frequência de vibração. Por exemplo, o padrão internacional de afinação é a nota Lá em 440 Hz (vibrações por segundo). Se tocarmos uma nota em 880 Hz, teremos novamente a nota lá uma oitava acima. Se tocarmos uma nota em 220 Hz, teremos a nota lá uma oitava abaixo.

Na notação americana, as notas são chamadas por letras. No Brasil, utilizamos essa notação por letras para representar acordes (veremos no futuro), mas também podemos chamar cada nota por uma letra, conforme a imagem abaixo:
Para qualquer músico, é fundamental decorar essa sequencia de notas, começando de qualquer uma delas, de forma crescente ou decrescente. Existem diversas músicas, principalmente infantis, para ajudar a decorá-las. Particularmente gosto da "Minha Canção", da peça "Os Saltimbancos", de Chico Buarque.

"Dorme a cidade
Resta um coração
Misterioso
Faz uma ilusão
Soletra um verso
Lavra a melodia
Singelamente
Dolorosamente

Doce a música
Silenciosa
Larga o meu peito
Solta-se no espaço
Faz-se a certeza
Minha cançao
stia de luz onde
Dorme o meu irmão"



Com a evolução da música, principalmente com o aparecimento da harmonia (veremos no futuro), os músicos perceberam que determinadas situações (principalmente para se evitar o trítono*) demandavam notas que não estavam entre as notas naturais, conhecidas até então. Isso porque a "distância" entre as notas naturais não eram exatamente iguais. A distância entre o Mi e o Fá, e entre o Si e o Dó é sensivelmente menor do que entre as demais notas, onde podiam ser executadas notas intermediárias. Essas notas que surgiram foram chamadas de notas acidentais.

A partir do Barroco (séc. XVII), a oitava foi dividida em 12 notas com distâncias exatamente iguais entre elas. Essa distância foi chamada de "meio-tom" (1/2 tom), e a cada dois meio-tons, temos um tom. Essa noção de medida de distância entre as notas será importante no futuro quando estudarmos construção de escalas e de acordes, mas por hora não é importante decorar isso.

No desenho abaixo tempos as 12 notas que compõem a nossa música ocidental:


Para representar as notas intermediárias, surgiram as notações de # (sustenido) e b (bemol), que quer dizer que a nota deve ser tocada 1/2 tom acima (#) ou abaixo (b) do seu valor normal. Portanto, a nota intermediária entre o Dó e o Ré pode ser chamada tanto de Dó#, como de Réb,  dependendo do contexto em que ela está sendo utilzada.

No piano é fácil identificar quais são as notas. Todas as teclas brancas representam notas naturais, e todas as teclas pretas representam notas acidentais. Olhando para as teclas pretas, podemos perceber que elas alternam entre grupos de dois e de três. A tecla branca antes de cada grupo de duas teclas pretas é o Dó. A partir dele, cada tecla branca que avançamos, andamos com uma nota natural, e a tecla preta entre as teclas brancas pode ser uma nota sustenido da sua nota à esquerda, ou bemol da nota da sua direita. A imagem abaixo mostra as notas no piano:



Nos próximos posts continuarei abordando alguns conceitos básicos antes de iniciarmos a leitura de partituras. Fiquem à vontade para perguntarem, fazerem comentários, acréscimos ou críticas no espaço de comentários do blog para ajudar a formar um material melhor.

atenciosamente,

Renan Alencar de Carvalho



* Trítono é o nome dado ao intervalo de quinta diminuta (3 tons), que ocorre quando tocamos as notas Si e Fá juntas. Esse intervalo divide a oitava exatamente no meio e é considerado o intervalo mais dissonante. Durante algum tempo da história, esse intervalo era considerado satânico pela igreja, e não poderia ser utilizado sob hipótese nenhuma.

7 comentários:

  1. A pesar de já possuir um conhecimento bem raso dos conteúdos acima, estão sendo de muitíssimo valor para que eu me aprofunde e estou acompanhando e sempre atendo a novos posts. Obrigado, Rê! Forte abraço.

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    1. Obrigado por prestigiar o trabalho do blog Flávio. Espero que os próximos post tenham maior proveito para você!

      Abraços

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  2. Parabéns!! Muito didático...aguardarei mais posts...

    Samuel

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    1. Obrigado,

      Ainda vou retomar essa série sobre teoria musical! abraços

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  3. Gostei muito ! Apesar de já saber varias coisas citadas logo a cima , nunca tinha lido algo tão mais aprofundado e bem explicado sobre o assunto ! PARABÉNS ! estarei acompanhando mais posts ..

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    1. Obrigado,

      Não consegui escrever mais sobre o tema, mas quando possível voltarei a escrever essa série de teoria musical!

      Abraços

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  4. Oi boa noite.Gostaria muito de ver o artigo anterior a este, ou seja de onde você começou o artigo. pois gostei demais desse, sou leiga no assunto, mas ja posso dizer q com suas explicações as coisas começaram a clarear pra mim. Por favou quero ver, ler, o artigo do inicio... obrigada.

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