terça-feira, 29 de maio de 2012

Luiz Saião - Louvor com Sobriedade

Fonte: Cante as Escrituras
Não é possível que se possa louvar a Deus com entendimento usando composições pobres e
vazias de conteúdo
Twittar essa frase – isso, quando as letras não contêm erros teológicos e até heresias.”
Vivemos na era da música digital. E os muitos sons nos fazem delirar. Foi muita mudança tecnológica, rítmica e cultural que revolucionou o cenário evangélico na área de louvor e adoração. Diante do novo contexto, as opiniões se dividem. O louvor contemporâneo é melhor do que o antigo dos hinários? As mudanças foram para bem ou para mal? Durante décadas, as igrejas tradicionais – presbiterianas, batistas, metodistas – usaram quase que exclusivamente os hinários, com suas composições centenárias. Com o tempo, os clássicos do cancioneiro protestante foram sendo deixados de lado em benefício de cânticos chamados modernos. Mas por que tantos belos hinos caíram em desuso?
Algumas das principais razões podem ser aqui mencionadas e enumeradas. Em primeiro lugar, as composições tradicionais eram, em sua maioria, estrangeiras – alemãs, inglesas, americanas. Com o tempo, aqueles ritmos e melodias foram causando estranheza aos ouvidos brasileiros, acostumados a estilos musicais mais populares. Além disso, hinos célebres como “Óh quão cego andei” e “Vencendo vem Jesus” eram maciçamente executados, gerando certo cansaço. As novas gerações não conseguiram adaptar-se às canções mais antigas e buscaram novas formas de expressão musical. Isso sem falar em versos de difícil compreensão para os jovens. Um desses hinos, por exemplo, dizia em sua primeira estrofe: “Numa orgia nefanda, o rebelde Belsazar (…)”.
A grande revolução litúrgica que pegou desprevenidos os grupos tradicionais e pentecostais clássicos no Brasil teve lugar a partir da década de 1950. A chegada da Igreja Quadrangular e o surgimento de denominações como O Brasil para Cristo, a Igreja de Nova Vida e a Deus é Amor mudaram o perfil evangélico nacional. Foi por meio da nova onda carismática que o cenário mudou. E uma das transformações mais notáveis foi justamente o rompimento com a tradição musical protestante. Surgiram hinetos mais simples e curtos, repetitivos, acompanhados de palmas e instrumentos antes considerados “profanos”, como guitarra, bateria e órgão elétrico. A parte do culto dedicada ao louvor musical deixou de ser marcada pela reflexão e assumiu um caráter mais corporal e efusivo. E estas canções traziam como novidade os ritmos genuinamente nacionais, como samba e marchinha. Afinal, as novas igrejas eram autenticamente brasileiras – logo, não tinham necessidade de honrar uma tradição estrangeira.
Mas o que dizer dessa nova realidade? Os mais tradicionais, claro, afirmam que a qualidade musical diminuiu (o que é fato) e que o repertório evangélico moderno não é próprio para um culto verdadeiro. No entanto, é preciso ressaltar aspectos positivos da nova tendência. Um deles é a alegria comemorativa. Enquanto os tradicionais cantavam “Bendita a hora de oração” de olhos bem fechados, em contrição, os novos grupos começaram a fazer a festa do louvor, pulando, movendo braços e pernas e até dançando. Tudo com muito apelo para o contexto que a fé cristã assumiu em território brasileiro. A adoração meditativa cedeu lugar a uma adoração contemplativa. Em vez de enfatizar os feitos de Deus ou elementos teológicos importantes, ressalta-se muito a transcendência divina, que o fiel é estimulado a buscar e a sentir.
Uma particularidade dos novos cânticos é a forte ênfase no Antigo Testamento, enfatizando uma idealização de Israel. Querendo expressar uma fé mais concreta, os novos grupos encontraram ali fonte de inspiração, muitas vezes sem qualquer transposição cristã. Além disso, especialmente sob a influência da escatologia pré-milenista, tomou-se o povo de Israel como modelo – e o resultado é uma apropriação de temas e elementos tipicamente judaicos, como o uso de símbolos rituais como o candelabro, o shofar e vários outros.
No entanto, o novo cenário litúrgico também mostrou diversas fragilidades e problemas. Desde os dias do louvor ao som do iê-iê-iê dos anos 1960 até a chamada adoração profética, muitos problemas apareceram no contexto da Igreja contemporânea. Um deles é a introdução de heresias. Como são compostos por gente sem boa formação teológica, muitos cânticos afirmam verdadeiras tolices, como “Eu navegarei no oceano do Espírito”, ou “Casa de Deus, onde flui o amor”, etc. Infelizmente, muitas igrejas cantam diversos cânticos apenas porque gostam da melodia, sem observar se a letra tem ou não o mínimo fundamento bíblico e teológico.Twittar essa frase Ainda que não seja o caso de todos, há cânticos que não chegam a dizer nenhuma heresia – simplesmente, porque não têm nada a dizer! Twittar essa frase São peças que trazem frases simplistas, quase sem nenhum conteúdo. Essas músicas geralmente possuem bastante ritmo e algumas poucas frases, que são repetidas continuamente.
Não é possível que se possa louvar a Deus com entendimento usando composições tão pobres e vazias de conteúdo.Twittar essa frase Além disso, devemos reconhecer que, se queremos oferecer um louvor a Deus, precisamos fazê-lo com mais qualidade. Hoje, todos têm consciência de que é possível e perigoso fazer manipulação emocional usando determinados ritmos. Quando momentos de louvor chegam a quase uma hora de duração, repletos de cânticos eufóricos, o público fica emocionalmente desequilibrado. Submetidos a uma verdadeira catarse musical, muita gente já nem é capaz de fazer uma crítica do que está acontecendo. A verdade é que, em muitos casos, a repetição de cânticos torna-se quase hipnótica. O público fica eufórico – às vezes, até com certa demonstração de sensualidade – e acaba formando uma massa de pessoas altamente manipulável. Alguma coisa está errada neste tipo de louvor.
Há uma crença generalizada de que podemos cantar todo e qualquer texto bíblico, já que é a Palavra de Deus. Isso é um engano – e é exatamente nesse ponto que fica evidente a necessidade do estudo da hermenêutica (interpretação bíblica). Não se pode, simplesmente, cantar qualquer coisa, ainda que sejam versículos bíblicos. Às vezes, o trecho musicado traz uma idéia incompleta, uma teologia ultrapassada pelos ensinos cristãos ou declarações que precisam ser corretamente interpretadas. Ora, há músicas hoje que estimulam o crente a perseguir os inimigos e a destruir os adversários – práticas de acordo com o contexto das guerras de Israel, mas totalmente opostas ao que Jesus ordenou – perdoar e amar os que nos opõem, conforme Mateus 5.
Diante dessa nova realidade da Igreja, é importante ter bom senso e equilíbrio. É claro que precisamos de uma renovação permanente de nossa hinódia. No entanto, não se pode mudar por mudar, prejudicando a própria fé cristã. Por isso, louvemos ao Senhor com sensibilidade, mas também com bastante sobriedade.
Fonte: Revista Eclésia.

Josaías Jr. - 7 Razões Para Não Chamar Músicos de "Levitas"

Fonte: iPródigo.


Sei que esse assunto já foi batido e rebatido várias vezes, por isso é possível que esse texto não apresente nenhuma novidade para alguns irmãos. Entretanto, gostaria de compilar aqui algumas das melhores razões para não usarmos a expressão levita para designar as pessoas que tocam e cantam no “período de louvor”. E mesmo que você não use o termo, proponho que leia pelo prazer de ver a história da salvação se desenrolando na figura do sacerdote.
Com isso, desejo não apenas levar irmãos a repensarem esse costume, mas também mostrar que a teologia por trás do sacerdócio levítico é muito mais bela, ampla e grandiosa do que parece. Quero deixar claro (antes que alguém objete) que uma igreja pode usar essa expressão e ainda realizar cultos de adoração verdadeira, e que ninguém será condenado pelo uso do termo. Entretanto, não há nenhuma boa razão para cometer esse erro deliberadamente. E, creio, qualquer desvio do ensino bíblico, mesmo os que parecem mais simples, podem ser portas para distorções perigosas. Por isso, sugiro que líderes e pastores levem em consideração o que está exposto aqui.


A Bíblia relata, é verdade, que existiam levitas envolvidos com a música no antigo Israel. Vemos corais e bandas formados por membros da tribo de Levi e voltados exclusivamente para esse ministério. Entretanto, também lemos sobre levitas que cuidavam de outras atividades cultuais, como o sacrifício, e aqueles que se envolviam em tarefas administrativas e operacionais.
Sei que alguns defensores da expressão “levita” sabem disso. (Por exemplo, o polêmico concurso “Promessas” admite isso em seu site oficial). Ainda assim, preferiu-se ignorar todas as outras funções associadas ao ministério levítico e concentrar-se apenas nessa. Por quê?
Alguns entendem que é por estrelismo dos músicos, mas prefiro pensar que há um motivo mais profundo – a valorização medieval de funções “sagradas” em detrimento de funções “seculares”. Varrer o chão, organizar culto, carregar coisas – qualquer um faz. Adorar, somente os crentes. Há um fundo de verdade aí, mas também há uma ignorância quanto ao chamado geral de Deus para humanidade. Tanto o administrador quanto o zelador podem glorificar a Deus em suas respectivas funções. Isso não é um culto público, mas é um culto.
Assim, alguém responsável por assuntos cotidianos como arrumar cortinas do templo poderia “ser tão adorador” quanto Asafe, o compositor. E um músico no culto público pode estar profanando o nome de Deus – se seu alvo não for a glória do Criador.


Um dos assuntos mais interessantes da Bíblia é a teologia do local de adoração. Quando Adão e Eva foram criados, eles receberam um chamado de glorificar a Deus por meio do casamento e da procriação, do domínio sobre a natureza e do descanso no sétimo dia. E eles foram colocados em um Jardim, onde poderiam adorar o Criador e exercer a função de guardar e cuidar do Éden.
Algo que passa despercebido pela maioria dos cristãos é que Moisés e outros autores bíblicos repetiram certas expressões e símbolos sobre o Jardim do Éden quando falavam sobre o tabernáculo e o templo. Ou seja, o Éden era um “templo” que deveria ser guardado pelos primeiros levitas – Adão e Eva. O termo “lavrar e guardar” (Gn 2.15) é a mesmo usado para as funções dos levitas em Números 3.7-8, 8.26 e 18.5-6. O chamado de adoração e cuidado com o “templo” é um chamado geral, dado a nossos primeiros pais, assim como o casamento, a família, o trabalho e o descanso.
“Se o Éden é visto como um santuário ideal, então talvez Adão deva ser descrito como um Levita arquetípico” (Gordon J. Wenham)
Como ungidos do Senhor, os levitas tinham um papel de mediar a Aliança entre Yahweh e o povo de Israel. Eles não eram simplesmente pessoas que “ministravam a adoração” para a congregação. Muitos veem o povo realizando sacrifícios e entendem que aquilo era o paralelo de nossos momentos de louvor hoje. Há certa relação, mas os sacerdotes faziam muito mais.
Como mediadores, eles exerciam o papel de representar Deus para o povo e representar o povo para Deus. É por isso que esse era um cargo de extrema importância e perigo. Se o levita chegasse contaminado na presença de Deus, ele estava dizendo que a nação estava em pecado. Se ele chegasse maculado na presença de Israel, era uma blasfêmia – “Deus” estava corrompido. Eles não estavam simplesmente realizando cultos, eles tornavam o culto possível.
Hoje, esse papel é cumprido perfeitamente por nosso sacerdote e cordeiro Jesus. Como perfeito Deus e perfeito homem, ele pode posicionar-se como representante de Yahweh diante do povo e representante da igreja diante de Deus. Como afirma o Apóstolo, “há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem” (1 Tm 2.5). Assim, o ministro de louvor hoje é meramente alguém dependente do verdadeiro mediador, aquele que torna o culto possível, o Senhor Jesus.
Entretanto, apesar de sacerdote, Jesus não pode ser considerado um levita. Um motivo para isso é biológico – ele não é descendente de Levi, mas de Judá. Como ele poderia assumir a função sacerdotal? O segundo motivo é teológico. O autor de Hebreus ensina que Jesus é sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque (Hb 5.10).
O Salmo 110 (não sem motivo o texto do Antigo Testamento mais citado no Novo) nos fala de um rei-sacerdote que se assenta no trono de Davi. De fato,o próprio Davi cumpriu certas funções sacerdotais sem ser realmente um levita. Como isso seria possível? Isso acontece porque esse sacerdote é da mesma ordem de um misterioso personagem de Gênesis 14, um rei de Salém (note as sílabas finais de uma tal Jerusalém) chamado Melquisedeque.
Esse personagem, por estar envolto em tanto mistério, é considerado uma figura de Cristo. Ele era “sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas sendo feito semelhante ao Filho de Deus” (Hb 7.3) e tanto rei de justiça, quanto de paz (7.2). Assim,valorizar demais o sacerdócio levítico pode nos levar a renegar uma ordem superior, a de Melquisedeque, por quem vem a perfeição (Hb 7.11).
O autor de Hebreus vai mais além e diz que o sacerdócio da ordem de Arão foi revogado. Diante da superioridade de um sacerdote que é eterno (Hb 7.24), mediador de uma Aliança superior (Hb 8.6), ele conclui que o sistema anterior era fraco e não podia aperfeiçoar (7.18,19).
Usando o relato sobre Abraão e Melquisedeque, o autor de Hebreus mostra que, quando o Patriarca entregou seus dízimos ao Rei de Salém, estava ali comprovado que o sacerdócio levítico era inferior ao sacerdócio de Jesus. Como assim? Ele explica que a tribo de Levi era responsável pelo recolhimento do dízimo no antigo Israel. Mas o que vemos em Gênesis? Um antepassado dos levitas entregando as ofertas e sendo abençoado por outro sacerdote! Levi, ainda nos lombos de Abraão (7.10), colocou-se debaixo da autoridade de Melquisedeque. Como sabemos, somente o maior abençoa o menor (7.7).
Assim, depois dessa interpretação pouco usual (mas inspirada), o autor de Hebreus conclui – a Nova Aliança envelheceu a primeira, que está velha e prestes a acabar (8.13). Assim, fazer referência a essa instituição em cultos neotestamentários é exaltar as sombras que passaram, que não aperfeiçoam (10.1) e são fundadas no que é terrestre e passageiro (8.2).
Unidos a Cristo, somos tratados como portadores de sua perfeita vida de obediência e, assim, podemos ser considerados sacerdotes. Um dos chamados de Israel era ser um reino de sacerdotes (Êx 19.6) – justamente a posição que Adão falhou em cumprir. O apóstolo Pedro aplica essa expressão à igreja e afirma que somos sacerdócio real (1 Pe 2.9).
Da mesma forma que a humanidade foi chamada, no primeiro Adão, para guardar o Éden, a nova humanidade, no último Adão, é chamada a ministrar na Nova Criação. Todos os crentes são chamados a adorar e oferecer sacrifícios (Rm 12.1), não apenas uma classe especial de pessoas. É isso que chamamos de sacerdócio universal dos crentes.
A última razão é mais prática que teológica. Em muitas igrejas, essa separação entre “ministros de louvor” e a congregação gera uma perigosa classificação de espiritualidade. É claro que pessoas que se colocam à frente da congregação (e, de certa forma, ensinam e lideram o rebanho) devem tomar um cuidado especial em relação a suas atitudes e serão responsabilizados mais rigorosamente.
Entretanto, isso não coloca necessariamente os cantores e músicos em algum tipo de posição diferente, como alguém mais consagrado, um foco maior de ataques do inimigo, imune à críticas, etc. Tanto pastores, quanto músicos e “leigos” são aceitos por Deus por meio da fé em Cristo, porque ele viveu e morreu de forma perfeita por nós. Diante de Deus, todos têm 100% de aprovação.
Ao mesmo tempo em que músicos e cantores devem estar atentos para que não caiam, eles precisam se lembrar de que a cruz nivela tudo – somos todos merecedores da ira eterna, somos todos considerados perfeitos por Deus. Em Cristo, não em Levi, todos somos templo,sacrifício e sacerdotes. Se Deus nos uniu assim, quem somos nós para separar?

domingo, 27 de maio de 2012

Qual tradução devo utilizar?

Tenho defendido a bandeira da música cristã brasileira, da qualidade de nossos compositores e nessidade de valorizarmos nossa cultura. No entanto, é claro que existem musicas de qualidade sendo feitas em outros países, e não é errado importá-las para nossa língua. Mas quando começamos a querer utilizar músicas traduzidas, enfrentamos alguns problemas:

O primeiro se refere à questão linguística. Nunca uma tradução irá refletir 100% do conteúdo original, isso porque existem frases e termos que são característicos de cada língua e cultura, e não podem ser traduzidas diretamente. Muitas vezes a forma estrutural da língua traduzida não consegue explicar completamente o texto original, além do fato de que o tradutor pode cometer erros ao traduzir um texto, entendendo uma palavra ou uma frase erroneamente.

Um segundo problema se refere à questão semântica do texto. Muitas vezes o conteúdo sobre o que o texto se refere é alterado na tradução, transformando a mensagem conforme a intensão do tradutor. Isso pode ser um problema grave, pois uma música que é bela no original pode virar herege na tradução.

Em terceiro, temos a questão musical e poética. Não podemos fugir da melodia original da música, e sua acentuação. A tradução deve se encaixar perfeitamente na melodia da música, respeitando suas pausas, tempos fortes e fracos alinhados com a acentuação correta da métrica do texto traduzido, além da questão poética como rimas e efeitos linguístico.

Por fim, temos a diversidade de tradução. Não que a liberdade de traduzir um texto seja ruim em si mesma, mas algumas músicas possuem tantas versões diferentes que escolher qual tradução utilizar em nossa igreja se torna um problema. Parte do grupo conhece e gosta de uma versão, parte do grupo de outra, quando o grupo vai tocar em outra comunidade, a outra comunidade conhece outra versão e assim por diante. O triste é que muitas vezes essa diferenciação se dá por uma questão mercadológica, para não ter que pagar os direitos autorais do tradutor.

Apenas para efeitos de exemplos, veja abaixo três traduções diferentes da música "Here I Am To Worship" e compare as diferenças delas entre si:



Luz do mundo 
As trevas venceu
Meus olhos se abriram 
para ver


A beleza que 
o meu coração adora
Quero viver 
só para ti


Aqui estou para adorar-te
Aqui estou para prostrar-me
Aqui estou para dizer 
que tu és meu Deus
És todo amoroso, 
És tão glorioso
Es maravilhoso 
para mim


Rei de todo universo 
exaltado tu és
Glorioso acima dos céus
Humilhou-se e veio 
a terra que criou
Por amor 
pobre ele se fez


Nunca vou saber quanto custou
Para ver meu pecado naquela cruz
Luz do mundo 
Vieste á terra
Pra que eu pudesse 
te ver


Tua beleza 
me leva a adorar-te
Quero contigo 
viver


Vim para adorar-te
Vim para prostar-me
Vim para dizer
que és meu Deus
És totalmente amável
Totalmente digno
Tão maravilhoso 
para mim


Eterno rei, 
exaltado nas alturas.
Glorioso nos céus
Humilde vieste 
á terra que criaste
E por amor 
pobre se fez


Eu nunca saberei o preço
Dos meus pecados lá na cruz
Luz do Mundo
Você entrou na escuridão
Abra meus olhos, 
Faz-me ver


Beleza que fez, 
Este coração Te adora
Esperança de uma vida 
gastada com Você


Aqui estou pra adorar
Aqui estou pra me curvar
Aqui estou pra dizer 
que Tu és meu Deus
Você é completamente adorável
Completamente merecedor
Completamente maravilhoso 
pra mim


Rei de todos os dias
Oh, tão altamente exaltado
Glorioso no Céu acima
Humildemente que Você veio
Para a terra que Tu criastes
Tudo pela razão do amor 
se tornou pobre


Eu nunca saberei quanto valeu
Ver meu pecado naquela cruz

Agora, caso você saiba um pouco de inglês, leia a versão original:


Light of the world
You stepped down into darkness
Open my eyes
Let me see

Beauty that made
This heart adore you
Hope of a life
Spent with you

Here I am to worship
Here I am to bow down
Here I am to say that you're my god
You're altogether lovely
Altogether worthy
Altogether wonderful to me

King of all days
Oh, so highly exalted
Glorious in heaven above
Humble you came
To the earth you created
All for love's sake became poor

I'll never know how much it cost
To see my sin upon that cross



Após analisar as traduções disponíveis, e bater com o original, você pode utilizar 3 critérios para escolher a melhor tradução:
  • Escolher a tradução mais próxima do original: O autor escreveu a música para propagar uma mensagem, e ela deve ser respeitada. Se não concordar com que a música prega, não a utilize.
  • Escolher a tradução que melhor reflete a sua doutrina: Independente da intenção do autor, o que vale é adequar a música para respaldar a crença e a doutrina da sua comunidade.
  • Escolher a que mais lhe agrada: deixando de lado qualquer critério racional, é levado em conta o gosto pessoal de cada integrante para decidir qual a melhor tradução a ser cantada.
Particularmente, acredito no primeiro critério de escolha de música. A mensagem da música deve ser respeitada, e escolha deve ser pela tradução que melhor expresse o sentido original.

Na próxima vez que for ensinar uma música traduzida nova, tenha cuidado em pesquisar e escolher a melhor tradução.


Renan Alencar de Carvalho

sábado, 26 de maio de 2012

Teoria Musical - Parte 2 - Conceitos Básicos: As Notas

No último post sobre teoria musical, escrevi uma breve introdução histórica sobre o estudo da teoria musical, e os motivos do porque é importante qualquer pessoa que queira se envolver com música, seja instrumentista ou cantor, estudá-la.

Nesse posts, gostaria de abordar alguns conceitos básicos sobre música e teoria musical, a fim de nivelar os termos e o conhecimento de qualquer leitor, antes de começarmos a aprofundar na teoria propriamente dita.
Desde já, gostaria de deixar claro que não é minha intenção fornecer um curso completo de teoria, mas espero que o material fornecido seja suficiente para que você consiga continuar sua pesquisa e estudo por sua conta.

As Notas

Dentro da música e da teoria musical, o conceito mais básico é o conceito de nota musical. Embora paraça básico dizer isso, é importante decorá-las e ter fluência em seus conceitos básicos, conforma abordaremos nesse texto.

Sempre que emitimos um som, emitimos uma (ou várias) notas, ou seja, estamos produzindo uma vibração sonora em uma determinada frequância específica e constante. Para ficar mais claro,  quando tocamos uma tecla de um piano, ou uma corda de um violão estamos produzindo uma nota. No caso do piano, cada tecla representa uma nota diferente (experimente em um piano on-line).

Sempre que tocamos uma nota, o som criado possui quatro características básicas, que podem ser alterados de acordo com a vontade do instrumentista:
  • Altura - A altura de uma nota se refere a quão grave (ou agudo) uma nota é. Quanto maior a altura de uma nota, mais aguda ela será e vice-versa. No caso do piano, a evolução da altura segue da esquerda para a direita, ou seja, quanto mais para a esquerda, mais grave, e quanto mais para a direita, mais agudo.
  • Intensidade - A intensidade se refere a quão fraco ou forte é a nota, ou seja, ao volume dela. Existe uma relação direta entre o esforço (força) gasto para executar a nota, e o volume resultante. Quanto maior o esforço para se executar uma nota, maior o seu volume. 
  • Duração - A duração se refere ao tempo que a nota fica soando. O conceito do que é uma nota rápida ou demorada varia de acordo com o contexto da música e seu andamento (veremos mais a frente), e do instrumento. Alguns instrumentos de corda (como por exemplo o violão), não conseguem manter uma nota soando pelo mesmo tempo que um instrumento de sopro, como a flauta.
  • Timbre - O timbre define a identidade da nota. Sabemos distinguir se o instrumento que está sendo tocado é um piano ou um violão porque cada um possui um timbre, um som característico. Alguns instrumentos permitem conseguir diferentes timbres para uma mesma nota. Por exemplo, no violão é possível uma variação do timbre apenas alterando o ponto da corda em que fazemos ela vibrar; quanto mais para o meio, mais aveludado será o timbre, e quanto mais próximo das bordas, mais metálico será o som produzido. O ajuste do timbre se torna importante em instrumento elétricos (como a guitarra e o sintetizador), mas não são uma preocupação constante nos instrumentos acústicos.

Notas Naturais e Acidentais.

Dentro da nossa música ocidental, por questões históricas e culturais, toda música era feita por uma escala (sequência de notas) de 7 notas. Conforme escrevi no último post, os nomes das notas surgiram por volta do séc. X, retiradas de uma música em homenagem ao Santo João, onde cada frase começava por sua nota correspondente da escala. São elas: Do, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, e Si. Essas ficaram conhecidas como notas naturais.

As escalas musicais são cíclicas, isto é, as notas vão se repetindo em oitavas diferentes, ou seja, depois do "Si", a oitava nota seria novamente o "Dó", porém mais agudo. Do ponto de vista físico, uma nota uma oitava acima tem exatamente o dobro da frequência de vibração. Por exemplo, o padrão internacional de afinação é a nota Lá em 440 Hz (vibrações por segundo). Se tocarmos uma nota em 880 Hz, teremos novamente a nota lá uma oitava acima. Se tocarmos uma nota em 220 Hz, teremos a nota lá uma oitava abaixo.

Na notação americana, as notas são chamadas por letras. No Brasil, utilizamos essa notação por letras para representar acordes (veremos no futuro), mas também podemos chamar cada nota por uma letra, conforme a imagem abaixo:
Para qualquer músico, é fundamental decorar essa sequencia de notas, começando de qualquer uma delas, de forma crescente ou decrescente. Existem diversas músicas, principalmente infantis, para ajudar a decorá-las. Particularmente gosto da "Minha Canção", da peça "Os Saltimbancos", de Chico Buarque.

"Dorme a cidade
Resta um coração
Misterioso
Faz uma ilusão
Soletra um verso
Lavra a melodia
Singelamente
Dolorosamente

Doce a música
Silenciosa
Larga o meu peito
Solta-se no espaço
Faz-se a certeza
Minha cançao
stia de luz onde
Dorme o meu irmão"



Com a evolução da música, principalmente com o aparecimento da harmonia (veremos no futuro), os músicos perceberam que determinadas situações (principalmente para se evitar o trítono*) demandavam notas que não estavam entre as notas naturais, conhecidas até então. Isso porque a "distância" entre as notas naturais não eram exatamente iguais. A distância entre o Mi e o Fá, e entre o Si e o Dó é sensivelmente menor do que entre as demais notas, onde podiam ser executadas notas intermediárias. Essas notas que surgiram foram chamadas de notas acidentais.

A partir do Barroco (séc. XVII), a oitava foi dividida em 12 notas com distâncias exatamente iguais entre elas. Essa distância foi chamada de "meio-tom" (1/2 tom), e a cada dois meio-tons, temos um tom. Essa noção de medida de distância entre as notas será importante no futuro quando estudarmos construção de escalas e de acordes, mas por hora não é importante decorar isso.

No desenho abaixo tempos as 12 notas que compõem a nossa música ocidental:


Para representar as notas intermediárias, surgiram as notações de # (sustenido) e b (bemol), que quer dizer que a nota deve ser tocada 1/2 tom acima (#) ou abaixo (b) do seu valor normal. Portanto, a nota intermediária entre o Dó e o Ré pode ser chamada tanto de Dó#, como de Réb,  dependendo do contexto em que ela está sendo utilzada.

No piano é fácil identificar quais são as notas. Todas as teclas brancas representam notas naturais, e todas as teclas pretas representam notas acidentais. Olhando para as teclas pretas, podemos perceber que elas alternam entre grupos de dois e de três. A tecla branca antes de cada grupo de duas teclas pretas é o Dó. A partir dele, cada tecla branca que avançamos, andamos com uma nota natural, e a tecla preta entre as teclas brancas pode ser uma nota sustenido da sua nota à esquerda, ou bemol da nota da sua direita. A imagem abaixo mostra as notas no piano:



Nos próximos posts continuarei abordando alguns conceitos básicos antes de iniciarmos a leitura de partituras. Fiquem à vontade para perguntarem, fazerem comentários, acréscimos ou críticas no espaço de comentários do blog para ajudar a formar um material melhor.

atenciosamente,

Renan Alencar de Carvalho



* Trítono é o nome dado ao intervalo de quinta diminuta (3 tons), que ocorre quando tocamos as notas Si e Fá juntas. Esse intervalo divide a oitava exatamente no meio e é considerado o intervalo mais dissonante. Durante algum tempo da história, esse intervalo era considerado satânico pela igreja, e não poderia ser utilizado sob hipótese nenhuma.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Conteúdo Além da Forma - Bem Sei

Música e Letra: Eduardo Mano


Bem Sei

"Bem sei que Tu podes
Com teu olhar, consumir
Meu corpo e meus ossos
Por causa do meu pecar


Bem sei que é terrível
O ressoar de Tua voz
Na mente e no coração
Dos que estão longe de Ti


Temor e tremor se apossam de mim
Em Tua presença
Pois lembro-me bem o quanto custou
Pra que eu pudesse contemplar


Tamanha beleza, formosura,
Maravilha e graça sem par
A obra da Cruz, da Cruz de Jesus
Me trouxe ao lar


Temor e tremor se apossam de mim
Em Tua presença
Pois lembro-me bem o quanto custou
Pra que eu pudesse contemplar


Tamanha beleza, formosura,
Maravilha e graça sem par
A obra da Cruz, da Cruz de Jesus
Me trouxe ao lar 
A obra da Cruz, da Cruz de Jesus
Me trouxe ao lar"

Eu Recomendo - Eduardo Mano


Na páscoa desse ano, um amigo me pediu para dar uma força na cantata de sua igreja. A cantata era composta basicamente por músicas do Eduardo Mano, compositor independente que tem seu trabalho divulgado através de seu blog (http://eduardomano.net/). Eu não conhecia seu trabalho antes, mas posso dizer  gostei bastante.
Composto de músicas simples e congregacionais, mas com profundidade e centradas nas verdades bíblicas, o disco "Velhas Verdades" reflete um evangelho puro e simples, característica que mais me chamou a atenção nesse trabalho. As músicas também merecem um destaque, com uma sonoridade própria, saindo dos padrões e formas comuns do "gospel".  Apesar de serem gravações caseiras, as músicas estão bem arranjadas e bem gravadas.

O trabalho pode ser ouvido e baixado no próprio blog, ou no site SoundCloud (clique aqui). Abaixo, estou colocando uma entrevista que ele fez para o pessoal do "Cante as Escrituras".

Com certeza, um trabalho que merece ser conhecido.

Eu recomendo!



Abraços,

Renan Alencar de Carvalho

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Conteúdo Além da Forma - Paz e Comunhão

Música e Letra: Gladir Cabral


Paz e Comunhão

"Cuida do passarinho e também da flor 
Eles esperam pelo teu amor 
Faz do teu lar um ninho e do mundo um chão 
Onde se plante paz e comunhão 


Para que brote e cresça a mais viva semente 
Para que a gente tenha o que colher 
Para que o pão que venha a ser por nós assado 
Seja o sinal traçado de viver 


Faz tua nova casa na varanda do velho chão 
Convida teu irmão pra vir morar contigo 
Planta paredes novas 
Feitas para servir de lar e abrigo 
Faz um café gostoso e põe a mesa no teu jardim 
Deixa que assim as plantas tenham paz contigo 
Convida o universo e faz 
A vida ganhar maior sentido 


Cuida da tua morada, cuida do pequeno mundo, 
Deixa teu irmão bem perto, junto."





Conteúdo Além da Forma - O Cartola Falou

Música e Letra: Gladir Cabral


O Cartola Falou

"Se o Cartola falou
que o sol nascerá, é verdade
O aguaceiro passou,
o arco íris brilhou hoje à tarde
Mas o dia, só ele é que sabe
O que guarda no alforje pra nós
É preciso soltar essas velas
E amarrar esses nós


Quando a lona da noite se estende
por sobre a cidade
ao mandar o faminto pra cama,
pois já é muito tarde,
picadeiro repousa em silêncio,
mas ainda conserva o calor.
O palhaço carrega o sorriso
Até mesmo na dor


A manhã vai trazer alegria
pelos braços da aurora
mas o doce perfume das rosas
eu pressinto é agora


Se essas águas que movem moinhos
Moerem teus dias
E ficares calado e sozinho nas horas vazias
Olha bem para a tua janela
E vê só quanta coisa mudou
Tanta gente que anda contigo
Tanto amigo que ainda restou


Se essas águas que movem moinhos
Moerem teus sonhos
E acordares no meio da noite
Em suspiros tristonhos
Olha bem para a tua janela
E vê só quanta coisa mudou
Uma brisa suave devolve
O que o vento levou"



Conteúdo Além da Forma - Allambra

Música: Gerson Borges
Letra: Gladir Cabral

"Queria tocar os sinos
Da majestosa catedral
Pensei em compor os hinos
Pintar as faces do vitral
Mas tu me fizeste olhar o chão
E repintar os rodapés
Silenciar em meio à sombra do jardim
E foi assim que eu aprendi
A aguardar o tempo bom
A viração do vento sul
O recomeço da estação
Para plantar, para regar, para podar
Para sonhar o renascer da floração
Perto da terra, umedecer
Em meio à horta, serenar
Tua vontade obedecer


Um dia a tristeza disse
Que eu nunca mais seria alguém
Melhor que eu me demitisse
Pulasse deste velho trem
Mas tu me fizeste olhar o céu
E eu comecei a ver melhor
Ver teu amor a envolver a minha dor
E me fazer voar além
Da torre desta catedral
Ares de Allambra, luz e bem,
Logo depois de Portugal
Beira de rio, onda do mar, vento mais frio
Luz do luar, perto da Estrela D’alva
Pra ver a Terra amanhecer
E com o sereno repousar
Onde tua mão me colocar"





Poeta é Deus

Poema de Gladir Cabral


"Eterno é Deus,
Tudo o mais é uma folha de alfazema
Que o vento leva no doce perfume da açucena,
Águas passadas nas longas braçadas do moinho,
Leve desenho na pena de um livre passarinho.


Eterno é Deus,
E o resto é a sombra de uma nuvem
Sobre a corrente das águas que de repente surgem
E prontamente se escoam na sequidão da terra,
Um pensamento, uma flecha do arqueiro, quando erra.


Poeta é Deus,
Sou apenas o verso de um poema.
Ele é palavra, eu sou o desejo de um fonema,
Verso branco, breve
À espera do seu tema.


Eterno é Deus,
Tudo o mais é uma gota de sereno
Que de manhã cobre a folha da grama no terreno.
Ao meio-dia é apenas lembrança pouca e vaga,
É trilha incerta, é uma estrada deserta e ensolarada.


Poeta é Deus,
Sou apenas poeira do caminho.
Ele é o rio que me leva assim, devagarinho,
Pela vida afora, nunca mais sozinho."

domingo, 20 de maio de 2012

O Gueto Gospel

Como já pregava Gil Vicente, "Rindo se Corrigem os Erros"! Boa crítica do Marcos Botelho:


Conteúdo Além da Forma - 01

Durante muito tempo, as músicas tocadas e aceitas nas igrejas protestantes foram os hinos. No Brasil não foi diferente. Trazida pelos missionários norte-americanos e europeus, as igrejas protestantes mantiveram a forma musical dos seus países de origem. No entanto, o fato é que a forma musical dos hinos não se adequa à cultura musical brasileira e em meados dos anos 70, a forma da música tradicional das igrejas brasileiras começou a ser rompida, surgindo composições com novos ritmos. O grande marco dessa música foi o disco "De Vento em Popa" dos Vencedores por Cristo, gravado em 1977 (ouça a música tema "De Vento em Popa"). Sem querer ser saudosista (até porque eu nem era nascido), mas foi uma época muito produtiva para a música cristã brasileira. Nomes como Sérgio Pimenta fizeram canções belíssimas, tanto pela musicalidade quanto pelas letras profundas, como "Resposta Certa", "Você Pode Ter" e "Fontes".

No entanto, a partir dos anos 80,  encabeçado pela igreja "Renanscer em Cristo", surgiu o movimento "Gospel" no Brasil, marcados pelo rock e o pop, de forte influência da música norte-americana. Com uma abordagem mais mercadológica, a industria fonográfica "gospel" se consolidou criando o comércio e a mídia de massa cristã.

Claro que coisas boas aconteceram nesse tempo, bandas como "Oficina G3" e "Resgate" me influenciaram no começo da minha caminhada cristã. Abriu-se espaço para novos ritmos, como o rock, pop, reggae, ska, eletrônico etc, e isso foi bom. Novas linguagens foram adotadas, atingindo novos públicos. Mas o movimento gospel também trouxe efeitos ruins para o cenário da música cristã brasileira. Não vou entrar na discussão do "por trás" da questão mercadológica, mas vejo pelo menos dois efeitos danosos:

O primeiro é que novamente voltamos a ser prisioneiros do pensamento e da cultura estrangeira. Não sei ao certo o autor, mas existe uma frase que fiz que "Não existe nada mais brasileiro do que querer ser igual ao norte-americano", infelizmente essa frase contém muito de verdade. Idolatramos tudo que o que vem do norte, muitas vezes sem um mínimo de filtro, e deixamos de valorizar o que é nosso. A música brasileira é riquíssima em todos os sentidos, uma fonte inesgotável de beleza e inspiração. Perdemos muito dando atenção somente ao que vem da terra do Tio Sam.

O segundo ponto é que, ao meu ver, na busca pela forma, o conteúdo foi deixado de lado. Claro que existem contextos onde a música não precisa ter um conteúdo profundo, nas no caso da música cristã, mais importante que a forma ou ritmo em que se está cantando é o conteúdo da mensagem que se está cantando. A música evangélica hoje, tem se tornado cada vez mais rasa, pobre, medíocre... para não dizer herege. Canta-se qualquer besteira rimando Jesus com Cruz, e as pessoas pensam estar cantando para glória de Deus.

Caros leitores, não se enganem, "Voltemos ao Evangelho" e "Cantemos as Escrituras" (dois trabalhos excelentes nessa proposta e valem ser conhecidos). É ótimo ter liberdade para escolher a forma, mas forna sem conteúdo não representa nada para nossa fé. Precisamos entender que bondade, beleza e verdade devem andar juntas, e que nossa música deve refletir a beleza do criador, seu caráter e sua palavra.

Sob essa perspectiva, vou começar a postar algumas músicas que tem tocado meu coração em atingir e elevar minha alma ao criador, com beleza e com verdade.

E para começar, um soneto do CD "Leve é a Pena", do Silvestre Kuhlmann:

No Oculto de seu quarto

"No oculto de seu pequenino quarto
Portas fechadas, sem fazer alarde,
O moço presta culto; o peito arde.
Busca da Água e do Pão que o torna farto.
E diz ao seu Amado: Não me aparto
Deste lugar quer seja cedo ou tarde.
Nada me impedirá que eu Te aguarde;
Se não vieres a mim, daqui não parto.
De que me vale ter todas as coisas?
A fome em minha alma não se mede.
Virás pra saciar a minha sede?
Tesouros vãos se vão.São ventos, brisas,
Quero buscar primeiro a Ti e ao Reino;
No qual quero chegar feito menino."








abraços,

Renan Alencar de Carvalho

Teoria Musical - Parte 1 - Introdução

Recentemente minha esposa me pediu para ensiná-la teoria musical, e pensei em fazer isso de forma que pudesse ser relido e compartilhado, como uma apostila on-line. Portanto, escreverei uma série de posts sobre teoria musical, e espero que possa ajudar a quem quiser aprender alguma coisa também.

Introdução

"Como Deus, eterna é a Canção" (Mario Valladão).

A música faz parte da história da humanidade. Em todos os povos, de todas as culturas, existe alguma forma de manifestação musical, seja para o entretenimento, para rituais religiosos e sociais ou para a apreciação estética e artística. A verdade é que a origem da música se confunde com a própria origem da humanidade. Ela sempre esteve presente na nossa história e assim permanecerá, provavelmente, pela eternidade. Pensando nisso, Mario Valladão sabiamente compôs uma música que diz que "Como Deus, eterna é a canção".

A música provavelmente começou com a imitação da natureza. Ao ouvir a beleza dos cantos dos pássaros e de outros animais, compostas pelo supremo artista, foi natural ao homem imitá-los. Dentro da narrativa bíblica, a primeira citação da música é sobre Jubal, tataraneto de Adão, que foi o pai dos que tocavam kinnôr (arpa) e ûgâb (flauta). Com a evolução do tempo, os instrumentos e a música foram sendo aprimoradas, e começou-se a ter a necessidade de se registrar o que estava sendo tocado/cantado, de modo que a música pudesse ser lida e re-executada posteriormente.

Os primeiros ensaios para uma notação musical começaram na idade média. Para se registrar as melodias dos cantos gregorianos, foi desenvolvido um sistema de notação por  neumas, onde cada figura representava um conjunto de notas, uma pequena frase musical, mas sem muita precisão. Nesse momento da história, ainda não existiam as notas definidas (como conhecemos hoje). Intuitivamente, usava-se a sequencia de notas que hoje conhecemos por escala maior, e as variações dela começando por diferentes pontos da escala (o que hoje conhecemos por modos gregos), porém não existiam os conceito de tonalidade e harmonia.

Por volta do século X, o monge italiano Guido d'Arezzo nomeou as notas, baseado em um cântico à São João, onde cada frase se iniciava em uma nota da escala maior. Para dar o nome as notas, Guido utilizou as primeiras sílabas de cada frase, como mostrado abaixo:


Ut queant L'axes
Ressonare fibris
Mira gestorum
Famule tuerum
Solve polluti
Labii reatum
Sanctu Ioannes

Com o tempo, "Ut" foi substituído por "Do"para facilitar a pronúncia com uma sílaba terminada em vogal, formando assim as notas utilizadas até hoje na música ocidental: (Dó-Ré-Mi-Fá-Sol-Lá-Si). No sistema de notação de Guido, era utilizado um tetragrama onde as notas era escritas, o pentagrama (conjunto de 5 linhas utilizado até os nossos dias) surgiu em meados do século XII.

Com o passar dos séculos, a notação musical foi sofrendo diversas evoluções, conforme a necessidade e o contexto musical. Além da partitura (notação mais completa), existem outros meios de notação como tablatura (para instrumentos de corda, como o violão e o baixo) e a cifra, amplamente utilizada na música popular, que se preocupa em registrar apenas os acordes em que a música se baseia.

Por que estudar teoria musical?

Dentro de nossa cultura musical brasileira, onde se predomina a música popular, é comum encontrar pessoas que "tocam de ouvido", mas não conhecem teoria musical. Com isso, muita gente acha desnecessário estudar teoria, ou contenta-se em saber ler apenas cifras de músicas de acordes simples. Se você quer apenas arranhar um instrumento em casa como hobbie, tudo bem não conhecer teoria, mas se você pretende atuar em um grupo (seja uma banda de amigos, igreja ou profissionalmente) ou pretende tocar para outras pessoas ouvirem, recomendo fortemente que você se preocupe em estudar teoria.

Se você está lendo esse post, é provável que você já esteja buscando isso, mas caso você ainda ache desnecessário, deixe-me colocar apenas alguns motivos para que você se convença da necessidade de estudar música:
  • A música é uma linguagem universal. Independente do país em que você estiver, você conseguirá se comunicar com as outras pessoas com quem estiver tocando junto.
  • A medida que você conhece mais teoria, você consegue tocar músicas mais complexas, preparando-se para qualquer tipo de música que você precise tocar.
  • Você se torna menos dependente de materiais externos, como livros e internet. Por exemplo: entendendo a teoria de construção de acordes, você saberá montar um acorde novo que você não conheça, sem ter que buscar em algum material como fazê-lo.
  • Você consegue incluir outros músicos. É comum para quem está começando a estudar algum instrumento erudito, como flauta e violino, não conseguir tocar em bandas, onde toda a linguagem musical se dá por cifras e improviso. Caso a banda tenha um músico mais experiente que saiba escrever partitura, ele poderá escrever as linhas melódicas que esses instrumentos precisam tocar.
  • Entendendo as "regras", você entende como quebrá-las, e fazer a música do seu próprio modo. Por exemplo, você pode re-harmonizar uma música, dando-lhe um "ar" totalmente novo, conforme o seu gosto musical.
Enfim, existem muitos outros motivos, mas espero que esses sejam suficientes. Vale dizer também que teoria não é apenas para instrumentistas. Cantores precisam conhecer tanto de teoria musical quanto qualquer instrumentista. É um grande erro dos vocalistas pensarem que não precisam saber teoria para cantar. A falta de conhecimento teórico os torna mais limitados e dependentes



Nesse primeiro post, minha intenção foi fazer uma pequena introdução à série de posts que pretendo fazer sobre teoria musical. Para quem quiser aprender um pouco de teoria, espero que esse material lhe ajude nessa  jornada de aprendizado. Para os mais experientes, por favor, sintam-se à vontade para criticar qualquer ponto ou fazer comentários que complementem o conteúdo, afim de gerar um material de melhor qualidade.

No próximo post vou abordar alguns conceitos básicos de música. Se você não entendeu alguma palavra ou conceito nesse primeiro texto, no próximo post pretendo fazer um glossário para ajudá-lo no "musiquês".

atenciosamente,

Renan Alencar de Carvalho

sexta-feira, 18 de maio de 2012

A cosmovisão cristã e as artes

Fonte: Ultimato

A cosmovisão cristã e as artes

Todas as coisas foram 
criadas por ele e para ele. 
Colossenses 1.16b NVI

"Quando se escreve sobre artes em um veículo de leitura protestante, sem citar artistas do meio protestante, corre-se o risco de ser criticado por vários irmãos de fé. Estes se esquecem que Deus é soberano. Não sobre uma ou duas coisas, mas sobre todas as coisas. Não é possível ser cristão nos eventos eclesiásticos e possuir outro modo de vida no dia-a-dia da família, trabalho, educação, entretenimento.

Deus reina sobre tudo e, consequentemente, sobre toda arte. Quando traço um comentário sobre arte não-cristã, minha visão deve partir da “lente bíblica”, a chamada “cosmovisão cristã”. Não devo desviar meu olhar, como cristão, de coisas que julgo não “serem de Deus”. Tudo é passível de julgamento a partir da cosmovisão cristã, seja para críticas sobre aquilo que entendemos ser errado, seja para elogios necessários às obras e artistas.

A partir dessa leitura cristã posso admirar, por exemplo, canções cujas letras não trazem termos “evangélicos”, mas que possuem em seu cerne valores do Reino de Deus.
A crítica sobre poluição no mar de A Mancha, canção de Lenine e Lula Queiroga (gravada no CD Labiata, 2008) tem em si valores do Reino, sem necessariamente falar a palavra “Deus” e sem seus autores se declararem “músicos evangélicos”:

A mancha vem comendo pela beira
O óleo já tomou a cabeceira do rio
E avança
A mancha que vazou do casco do navio
Colando as asas da ave praieira
A mancha vem vindo
Vem mais rápido que lancha
Afogando peixe, encalhando prancha
A mancha que mancha,
Que mancha de óleo e vergonha
Que mancha a jangada, que mancha a areia
Negra praia brasileira
Onde a morena gestante
Filha do pescador
Derrama lágrimas negras
Vigiando o horizonte
Esperando o seu amor


Falta engajamento e liberdade dos artistas cristãos em relação a essa visão de mundo ecológica e que escrevam, pintem, cantem, dancem, atuem e explorem, enfim, a temática declarando: Deus é soberano sobre a natureza e devemos cuidar dela! Não só ecologia, mas falta adentrar com a arte cristã na política, economia, problemas sociais, história, saúde, entre tantos e tantos assuntos. Com algumas exceções, por vezes as letras das canções feitas por cristãos são extremamente alienantes e distantes da realidade contextual brasileira, o que não é, segundo uma cosmovisão cristã, algo correto.

Sejamos cristãos em qualquer situação, tempo e espaço, como Cristo nos ensinou. Coerência é fundamental em nossos passos. Caminhemos."


Texto deSérgio Pereira .

Sérgio Pereira é músico, historiador, educador, escritor e revisor pedagógico de História. Seu trabalho musical principal é o Baixo e Voz, que já conta com 21 anos, quatro CDs e um DVD e CD ao vivo a serem lançados este ano. É mestrando em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Sua dissertação versa sobre o compositor Lenine e o hibridismo musical brasileiro.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Nossa Música Brasileira



Quem tem ouvidos para ouvir, ouça
Será uma festa da alforria, com participação de nomes representantes do movimento de resgate da cultura musical brasileira.
Data:
  • 31 de Agosto a 02 de Setembro
Músicos:
  • Carlinhos Veiga e banda
  • Carol Gualberto e banda
  • Stenio Marcius
  • Edilson Botelho
  • João Alexandre
  • Priscila Barreto
  • Felipe Silveira
  • Jorge Camargo
  • Thiago Viana
  • Banda de boca
  • E muito mais...
Planos de Pagamento:
  • Plano A – R$ 210,00: sinal de R$ 80,00 (inscrição) até 10/05 + restante no evento
  • Plano B – R$ 220,00: sinal de R$ 80,00 (inscrição) até 10/07 + restante no evento
  • Plano C – R$ 230,00: Após 10/07 (se ainda houver vagas)
10% para grupos acima de 10 pessoas
Evento:
  • Início: Sexta-feira, 31/08 com jantar das 19h às 20h30;
  • Término: Domingo, 02/09 após o almoço.