sábado, 23 de abril de 2011

Pensar também faz bem!

Não gosto de generalizar, e nem quero ser específico de mais a ponto de citar nomes, mas, de modo geral, creio que falta de um pouco de reflexão nas igrejas brasileiras de hoje e, dentro do contexto desse blog, das músicas cristãs. 


Para não pautar esse post apenas na minha opinião, vou começar com o texto de I Coríntios 14:15:


"Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento; cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento."

Diversas igrejas e grupos têm buscado na adoração uma êxtase emocional/espiritual, algo que nos faça transcender de nossa realidade para estar "na glória". Não estou dizendo que isso seja errado, mas quando você foca na busca dessa êxtase espiritual sem entendimento (reflexão, consciência, conhecimento...) ela se torna vazia e sem propósito, quase como buscar o efeito sem buscar a causa. 

Em algumas igrejas isso é tão grave, que não importa nem o que se está cantando. Músicas com graves erros teológicos, letras sem sentido ou  fora do contexto bíblico, excesso de repetições etc. Chega a parecer os efeitos de uma droga, em que você consome para ficar bem e, passado o efeito, você volta para o estado inicial, sem uma real renovação, transformação de vida... vivemos em uma verdadeira igreja de viciados!

Não foi por menos o mestre disse: "Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento..." (Lucas 10:27).

Quando nos colocamos para buscar a Deus em adoração cantando (ou tocando, no caso do grupo de louvor) precisamos sempre enteder claramente algumas coisas:


Quem é Deus. Não estamos nos colocando na frente de qualquer pessoa, estamos nos colocando diante de DEUS, do Senhor que criou todo o universo, que nos criou, que reina sobre toda a criação, Rei dos reis, Senhor dos senhores, Santo, Onipotente, Eterno... e tantos outros adjetivos. Creio que muitas vezes não nos damos conta disso. Se por acaso um dia Deus se manifestasse fisicamente (efetivamente encarnado) em nosso culto para assistir nosso louvor, será que agiríamos da mesma forma que agimos todos os cultos? Creio que não.


Quem nós somos. Somos simples e meramente criaturas de Deus, vindos do pó, mortais e profundamente contaminados por nossos pecados, afundados em nossa "maldade natural". A bíblia é clara: "não há um justo, nem um sequer" (Romanos 3:10). Por nossos pecados estamos eternamente separados de Deus, e não existe absolutamente nada que possamos fazer por nós mesmos para mudar isso. Não estamos em condições de exigir, declarar ou negociar absolutamente nada com Deus.


Por quem temos acesso à Deus. Se podemos levantar as mãos e adorar a Deus hoje, só podemos por Seu amor, graça e misericórdia, que foi consumada no sacrifício de Cristo ("Pois há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus" I Timóteo 2:5). Adorar a Deus é no mínimo uma resposta de gratidão 


Adoração é "em espírito e em verdade". Não importa a forma, se a adoração é tradicional, avivada, extravagante, profética, do fogo, do gelo, ou qualquer coisa que você queira inventar, o que importa é que ela seja sincera e verdadeira. Deus não está olhando se você usa só o piano, se toca shofar*, se toca virado para as pessoas ou não, se está vestindo terno ou está de bermuda... o que Deus busca é corações sinceros e arrependidos. Qualquer forma, molde, moda, estilo ou qualquer outra coisa que se queira mudar no exterior é totalmente inútil se não vier do interior!


Ao cantar, também estamos ensinando e pregando. Esse é um dos pontos mais negligenciados pelas equipes de louvor. O que cantamos deve ser teológicamente coerente com a bíblia, com a doutrina da igreja, e preferencialmente com o contexto do culto. Quando cantamos, também estamos pregando o evagelho, também estamos ensinando valores e verdades bíblicas. Não é incomum ir em um culto em que a mensagem prega uma doutrina, e as músicas pregam algo totalmente oposto.


Precisamos sempre questionar e refletir se o que estamos fazendo, o que estamos cantando, o que estamos pregando e principalmente se o que estamos ouvindo é realmente o que a bíblia ensina como verdade para as nossas vidas. Não importa que seja o pastor, bispo, apóstolo, ou o que quer que seja que esteja dizendo. Todas as nomenclaturas e hierarquias foram estabelecidas pelos homens por sua própria vaidade, e mesmo o mais renomado dos doutores está sujeito a errar. Não importa que seja o que a maioria das pessoas pensam, quantidade nunca foi sinônimo de verdade. Como verdadeiro servo de Cristo, é sua obrigação se levantar contra a corrente, e apontar para a direção do mestre.


Para fechar o post, gostaria de compartilhar um vídeo** do João Alexandre com a música "É Proibido Pensar", criticando justamente essa falta de reflexão das igrejas e dos líderes de hoje. Vale a pena pensar na letra e avaliar se estamos sendo levados pela alienação, ou se estamos na "Contra-Mão", buscando a vontade de Deus acima dos padrões e do Status Quo da mediocridade.








Shofar (do hebraico שופר shofar ) é considerado um dos instrumentos de sopro mais antigos. Somente a flauta do pastor – chamada Ugav, na Bíblia – tem registro da mesma época, mas não tem função em serviços religiosos nos dias de hoje.
O shofar não produz sons delicados como o clarim moderno, a trombeta ou outro instrumento de sopro, mas para os judeus, o shofar não é apenas um instrumento "musical". É um instrumento tradicionalmente sagrado.
Na tradição judaica, lembra o carneiro sacrificado por Avraham (Abrão) no lugar de Yitschac (Isaac) através da história da Akedá (amarração de Yitschac), lida no segundo dia de Rosh Hashaná.


** O vídeo mostra as imagens de diversas igrejas e personalidades conhecidas, e foram colocadas pelo autor do vídeo, e não pelo blog. Conforme disse no início do post, não é minha intenção sitar nomes. Se os nomes citados no vídeo mereciam ou não terem sido colocados, cabe a você pensar e concluir por você mesmo!


Atenciosamente,

Renan Alencar de Carvalho

sábado, 16 de abril de 2011

Programa Plataforma

Separei uma lista com gravações do programa "Plataforma" (http://www.plataforma.art.br/) para você ouvir e desfrutar da poesia e da música de diversos artistas cristãos.

"Plataforma é um projeto audiovisual que pretende tornar vista a palavra e audível a experiência. Quer contar de gente, ouvindo de gente e olhar para gente espiando o alto. Dizer o que é dito pouco de um jeito simples. Ser carregado daqui para qualquer lugar importando encontrar, e encontrar gente. Aqui registramos o som, a voz, o vivo. Não reproduzindo o invisível, mas, tornando visível".

http://www.youtube.com/view_play_list?p=B94571589AD4985A


Os vídeos postados são de uma lista de execução do meu Youtube, e de tempos em tempos terão acréscimos. Portanto, vale a pena rever esse post para ver as novidades.

Abraços,

Renan Alencar de Carvalho

Viciados em Mediocridade?

O segundo fórum nacional de cristianismo criativo foi realizado em 2008 na Livraria Cultura do Shopping Market Place pela W4 Editora. O evento conta com a participação de João Alexandre, Stênio Marcius, entre outros nomes. Vale a pena assistir!

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Simplicidade x Complexidade - como chegar ao equilíbrio saudável

Estava ouvindo a gravação do programa do "Papo & Arte" do dia 06 de abril, e em determinado momento a conversa entrou no assunto de se a música congregacional deve ou não ter poucos acordes e ser fácil de se tocar.

De fato, existe uma certa discussão sobre esse tema, e posições distintas. Para alguns grupos, a música congregacional deve ser o  mais simples possível, de poucos acordes e melodias fáceis. A Vineyard Music, por exemplo, tem dentro dos seus princípios o lema de que "menos é mais". Por outro lado, músicos e artistas como o João Alexandre tocam músicas em arranjos complexos, com muitos acordes e variações harmônicas, e alguns músicos defendem que a música deve ser bonita, independentemente da complexidade.

Claro que as duas "escolas" têm seus argumentos, prós e contras, contexto histórico-cultural etc. Minha intenção aqui não é debater qual o modelo mais correto, ou tecer uma comparação mais detalhada sobre cada ponto das duas posturas, mas tentar achar um ponto de equilíbrio saudável e aplicável sobre essa questão.

Primeiramente, acho que existem 2 pontos interessantes de se observar

- Contexto

Primeiramente, o limite entre o que é simples e o que é complexo varia de acordo com o contexto em questão. Um grupo onde a grande maioria das pessoas possuem um grau de instrução e cultura mais elevado aceitará uma forma musical mais sofisticada muito mais naturalmente do que um grupo formado por pescadores artesanais, com um grau de instrução menor. Por outro lado, a música dos pescadores pode parecer rústica demais para o primeiro grupo.

- O complexo pode soar simples

Nem sempre uma música com uma construção harmônica complexa soa de forma complexa. Por exemplo, o standard de jazz "All The Things That You Are" possui em sua harmonia diversas sutilezas, mas a  melodia é simples, de fácil memorização e execução. Outro exemplo é em músicas com muitas frases, convenções e riffs entre estrofes (comum em músicas mais funkiadas) que muitas vezes são complexas ritmica e harmonicamente, mas passam despercebidos, sem confundir os ouvidos menos treinados.

Vendo que não existe uma definição exata do que pode ser considerado banal, simples ou complexo, eu me guio por alguns princípios para considerar se uma música é interessante para o uso congregacional ou não:

- A música não pode ser fator de exclusão

O sentido da música congregacional é fazer com que a congregação participe. Se a música for tão complexa ou de difícil execução (seja por altura das vozes, andamento etc) que iniba a participação das pessoas, essa com certeza não é uma boa música para ser utilizada no momento.

- Exageros devem ser cortados

A definição do que é um exagero ou não é pouco sutil, e depende do contexto musical. Por esse motivo, exige uma certa experiência e maturidade do músico. Por exemplo, um acorde com sexta, nona e décima primeira aumentada pode ser completamente natural em um jazz, ou em uma bossa nova (na verdade, um acorde crú só com a tríade soa até feio nesses estilos), mas pode ser um completo exagero em um pop/rock. Como regra geral, faça o que a música "pede". Para isso, ouça bastantes gravações, entenda as características e peculiaridade de cada gênero, procure se informar sobre o processo de making off das gravações que você gosta, estude harmonização e arranjo etc.

- Capacidade de redução

Uma boa música congregacional deve ser altamente utilizável, ou seja, não pode depender de músicos extremamente talentosos, ou de um grupo específico de pessoas para ser executada. Mesmo que o arranjo original seja complexo, deve ser possível sofrer uma redução para ser tocada por pessoas menos capacitadas.

Conclusão

Antes de fechar o post, gostaria de lembrar que não existe uma verdade absoluta para esse tema. O que funciona em um contexto não necessariamente funcionará em outro. Antes de mais nada, é preciso conhecer o seu contexto, e ponderar com sábedoria e bom senso. Espero que os princípios colocados nesse post te ajude a amadurecer o repertório e os arranjos tocados em sua igreja.

E para fechar, dois vídeos, um de cada visão, para você ponderar o que é melhor para a sua igreja.






Um grande abraço,

Renan Alencar de Carvalho


* "Papo & Arte" é um programa que acontece toda quarta-feira, às 20:30 na Igreja do Senhor Jesus Cristo em São Paulo e transmitido ao vivo pela internet (no twitter e no site da igreja), e aborda o universo artístico e musical cristão. Os programas podem ser revistos no site da igreja: http://www.igrejasp.com.br/.
Particularmente eu tenho gostado bastante desse programa, e recomendo acompanhá-lo, e assistir os vídeos das gravações passadas.

sábado, 2 de abril de 2011

Vídeos e animações cristãs

 Já disse antes que sinto falta de manifestações artísticas cristãs de qualidade, que não seja música. No Brasil, é raro grupos de qualidade na produção de vídeos e animações (o único que conheço é a produtora independente 4U, que produziu o curta "Não me deixe te deixar", que você pode conferir aqui), mas na internet, é fácil achar vídeos internacionais que, apesar de simples, são bem feitos e muitos interessantes.

Apesar de não serem novos, selecionei alguns para deixar como sugestão do que a igreja, com criatividade, pode fazer.









Abraços,

Renan Alencar de Carvalho