quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Brincando com Afinações Abertas

Já fazia um bom tempo que não tocava um pouco, e resolvi gravar uns vídeos de brincadeira nesse último fim de semana, e pensei que isso poderia gerar um post para o blog. Fica como uma pequena sugestão prática para quem toca violão na igreja.

Saindo do normal

Normalmente, quando tocamos violão ou guitarra, temos como padrão a afinação das cordas na disposição colocada abaixo, tendo como o diapasão a nota Lá em 440 Hz.

1 - Mi
2 - Si
3 - Sol
4 - Ré
5 - Lá
6 - Mi

Mas essa não é a única afinação possível, e nem foi a primeira na história do violão. Na renascença, os alaúdes (avós dos violões modernos) tinham uma afinação bem parecida, mas a terceira corda era em Fá#, e o diapasão não era 440 (normalmente os grupos de música antiga afinam entre 410 e 420 Hz).

Outra forma de afinação utilizadas nas violas caipiras brasileiras* e violões de Blues** é a afinação aberta, ou seja, ao se tocar as cordas soltas, você tem um acorde maior (usar acordes menores também dá um efeito bem interessante, mas não é usual).

O uso dessas afinações possibilitam algumas coisas bem interessantes.

A primeira, e talvez mais interessante, é que você sai da zona de conforto. Por ter que re-aprender a fazer os acordes e escalas, saímos dos vícios e caminhos "manjados", e abrimos espaço para o ouvido e a musicalidade, descobrimos novos caminhos, e mesmos acordes comuns que estamos acostumados a tocar soam de forma impressionantemente nova. Não se espante se você compor pelo menos uma música para cada afinação.

Outro ponto interessante das afinações abertas é o uso de notas pedais, ou seja, você pode tocar melodias e frases nas notas mais agudas, e continuar tocando as cordas mais graves formando um "pedal harmônico", muito legal se você está tocando sozinho. Ou ainda, se você inverter o conceito, você pode trabalhar no grave imitando um contra-baixo, sem perder os acordes nas cordas mais agudas.

E por fim, embora não seja muito minha praia, você pode utilizar o slide sem preocupação de não tocar alguma corda. Não é por menos que os blueseiros da "velha guarda" utilizam muito afinações abertas. Vale a pena brincar um pouco para explorar essa musicalidade.

As afinações:

Embora não seja um "especialista", seguem as afinações que eu já utilizei

Em "D" - Por duplicar as quintas, dá um tom bem legal para blues ou rock. É a afinação alternativa que normalmente utilizo.


1 - Ré
2 - Lá
3 - Fá#
4 - Ré
5 - Lá
6 - Ré

Em B - Por tocar a terça do acorde 3 vezes, torna uma afinação bem sutil. Utilizei uma vez para uma música em estilo caipira, mas só tocando os acordes maiores (Tônica, Sub-Dominante e Dominante). Não explorei muito, mas vale tentar.

1 - Ré#
2 - Si
3 - Fá#
4 - Ré#
5 - Si
6 - Ré#

Em G - Por ter muitas músicas de louvor em G, vale a pena utilizar essa afinação. Do que já li sobre afinações abertas, a maioria dos blueseiros usam essa afinação.

1 - Ré
2 - Si
3 - Sol
4 - Ré
5 - Sol
6 - Ré

Exemplos:

Como falei no começo, esse post começou com alguns vídeos que gravei de brincadeira em casa. Colocando dois que fiz com afinação em D, como exemplo.

Te agradeço

O Senhor é a Luz




* As afinações de viola caipira tem nomes próprios para cada tipo, como "Rio Acima", "Rio Abaixo", entre outros. Não conheço o que é cada nome. Para quem souber, ou quiser pesquisar e compartilhar aqui, ficarei feliz em saber!

** Violões de Blues: Os tocadores de blues utilizavam ressonator guitars e dobros. Esses instrumentos possuem uma caixa de ressonância em metal que proporciona um maior volume no instrumento (lembrando que os instrumentos elétricos são recentes). A principal diferença entro o dobro e a ressonate guitar é que o dobro é todo de metal, enquanto a ressonate guitar possue apenas a caixa de ressonancia em metal. Uma forma comum de se tocar esses instrumentos é com eles deitados, utilizando um slide.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

A “benção” da diversidade

Quando era adolescente, gostava muito de uma banda chamada D.C.Talk. No seu vídeo “The Freak Show”, antes da música “Colored People”, um dos vocalistas da banda fala uma frase muito interessante: “Assim como em um arranjo de flores silvestres, parte de nossa beleza está em nossa diversidade. Se somos diferentes uns dos outros, é porque Deus é um artista muito criativo!” (tradução livre).  Realmente creio que Deus tem um certo “gosto” pela variedade. Basta olhar para a natureza e vermos a infinidade de animais e plantas, dos mais variados tamanhos, formas e cores.

Quando a bíblia fala que fomos criados à Sua imagem e semelhança, creio que um dos pilares que nos faz semelhantes a Deus é a capacidade de criar, de juntar elementos dessa diversidade que nos cerca e produzir algo novo que seja belo, original, diferente.

No entanto, quando olho para a Igreja, vejo muito mais moldes pré-formatados do que a expontaniedade para a qual fomos criados. E não digo isso apenas para a questão artística (embora não seja meu foco  me aprofundar nas questões mais filosóficas).

Apenas para ilustrar, vivemos em um país com uma musicalidade incrível, com diversos rítmos e estilos. No entanto,   a grande maioria das nossas músicas são praticamente iguais, sempre na mesma batida, nos mesmos tons, nos mesmos estilos. Outro exemplo? Conheço diversos guitarristas, violonistas, baixistas, bateristas e tecladistas, mas em um país tão rítmico quanto o nosso, até hoje não conheci um percussionista cristão (percussionista de verdade, não baterista frustrado). Porque será que é tão raro encontrar uma viola de 10 cordas, ou um bandolim em uma igreja ?

Isso sem falar das outras formas de arte que não sejam a música. Porque será que quase não temos espaços para poetas, escritores, pintores, escultores etc? Porque nossos teatros raramente passam das mímicas? Porque existem tão poucas produções cristãs de vídeos?
Não quero dizer que tenho alguma coisa contra aos modelos e formas. Mas com toda  sinceridade, não creio que um Deus tão criativo, que nos deu tanta capacidade, tenha nos criado para que sua igreja se limitasse à apenas algumas formas restritas de arte.

Oro a Ele para que mais e mais pessoas se levantem para adorá-lo com criatividade e originalidade. Que a igreja produza não somente música, mas que tenha espaço para poesias,  teatros, cinema, pintura, gibis etc. E que através dessa variedade, o seu nome possa ser glorificado.

Bom, como sempre existem pessoas que se esforçam em produzir algo novo e original, gostaria de fechar este post com a sugestão de um curta metragem  cristão (muito bem feito, por sinal) que um amigo meu participou.

http://www.4ufilms.com/naomedeixetedeixar/

Parabéns pelo trabalho de vocês!

Atenciosamente,

Renan Alencar